segunda-feira, 21 de novembro de 2011

África: Do Cativeiro à Libertação

Origem da Escravidão

A escravidão era uma situação aceita e logo tornou-se essencial para a economia e para a sociedade de todas as civilizações antigas, embora fosse um tipo de organização muito pouco produtivo. A Mesopotâmia, a Índia, a China e os antigos egípcios e hebreus utilizaram escravos.

Na civilização grega o trabalho escravo acontecia na mais variada sorte de funções, os escravos podiam ser domésticos, podiam trabalhar no campo, nas minas, na força policial de arqueiros da cidade, podiam ser ourives, remadores de barco, artesãos etc. Para os gregos, tanto as mulheres como os escravos não possuíam direito de voto. Muitos dos soldados do antigo Império Romano eram ex-escravos.

Em 1470 os "portugueses tinham começado a comerciar na Enseada do Benim e frequentar o Delta do rio Niger e os rios que lhe ficavam logo a oeste", negociando principalmente escravos com comerciantes muçulmanos.consta que o comércio de escravos que se estabeleceu no Atlântico entre 1450 e 1900 contabilizou a venda de cerca de 11 313 000 indivíduos (um volume que tendo a considerar subestimado).

A primeira forma de escravidão no Brasil foi dos gentios da terra ou negros da terra, os índios especialmente na Capitania de São Paulo onde seus moradores pobres não tinham condições de adquirir escravos africanos, nos primeiros dois séculos de colonização. A Escravização de índios foi proibida pelo Marquês de Pombal. Eram considerados pouco aptos ao trabalho.

No Brasil, a escravidão africana teve início com a produção canavieira na primeira metade do século XVI como tentativa de solução à "falta de braços para a lavoura", como se dizia então. Os portos principais de desembarque escravos eram: no Rio de Janeiro, na Bahianegros da Guiné, no Recifee em São Luís do Maranhão.


Religião dos escravos
trouxeram consigo sua cultura , da qual faziam parte cultos e crenças em divindades como os orixás.
Introduzido no Brasil por algumas nações africanas , com diferentes identidades étnicas, o culto aos orixás expressa essas diferenças na língua em ou, ainda , nos nomes dados aos orixás.Por exemplo , essas diferenças étnicas aparecem nos tipos de candomblé: o queto e o angola, praticados nos terreiros da Bahia; o xangô , em Pernambuco; o batuque , no Rio Grande do Sul; e i Angola, em são Paulo. Além disso , há outras variações de culto , como a umbanda e a quimbanda por exemplo
Durante séculos , a realização do culto aos orixás foi proibida no Brasil. Apesar disso, os afro ?brasileiros mantiveram suas práticas religiosas dando aos seus deuses os nomes dos santos católicos . Segundo o etnólogo Pierre Verger

Os santos do paraíso católico ajudaram a lograr e a despistar os seus senhores sobre a natureza das danças que estavam autorizados a realizar, aos domingos , quando se reagrupavam em batuques por nações de origem 

Quando precisavam justificar o sentido dos seus cantos, os escravos declaram que louvavam , nas suas línguas , os santos do paraíso. Na verdade , o que eles pediam era ajuda e proteção aos seus próprios deuses
No Haiti, na América Central , os africanos escravizados foram obrigados a praticar o cristianismo. Entretanto, ás escondidas, realizavam cultos afros, que, misturados aos símbolos e cerimonias da religião católica, deram origem ao vodu. Essa mescla de religião chama ?se sincretismo. 

Candomblé
Candomblé é uma religião derivada do animismo africano onde se cultuam os orixás, Voduns, Nkisis dependendo da nação. Sendo de origem totêmica e familiar, é uma das religiões afro-brasileiras praticadas principalmente no Brasil, pelo chamado povo do santo, mas também em outros países como Uruguai, Argentina, Venezuela, Colômbia, Panamá, México, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha.

Embora confinado originalmente à população de negros escravizados, proibido pela igreja católica, e criminalizado mesmo por alguns governos, o candomblé prosperou nos quatro séculos, e expandiu consideravelmente desde o fim da escravatura em 1888. Estabeleceu-se com seguidores de várias classes sociais e dezenas de milhares de templos. Em levantamentos recentes, aproximadamente 3 milhões de brasileiros (1,5% da população total) declararam o candomblé como sua religião.Na cidade de Salvador existem 2.230 terreiros registrados na Federação Baiana de Cultos Afro-brasileiros e catalogado pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA,

O Candomblé não deve ser confundido com Umbanda, Macumba e/ou Omoloko, outras religiões afro-brasileiras com similar origem; e com religiões afro-americanas similares em outros países do Novo Mundo, como o Vodou haitiano, a Santeria cubana, e o Obeah, em Trinidade e Tobago, os Shangos (similar ao Tchamba africano, Xambá e ao Xangô do Nordeste do Brasil) o Ourisha, de origem yorubá, os quais foram desenvolvidas independentemente do Candomblé e são virtualmente desconhecidos no Brasil.

Candomblé é uma religião "monoteísta", embora alguns defendam a ideia que são cultuados vários deuses, o deus único para a Nação Ketu é Olorum, para a Nação Bantu é Nzambi e para a Nação Jeje é Mawu, são nações independentes na prática diária e em virtude do sincretismo existente no Brasil a maioria dos participantes consideram como sendo o mesmo Deus da Igreja Católica.

O Candomblé cultua, entre todas as nações, umas cinquenta das centenas deidades ainda cultuadas na África. Mas, na maioria dos terreiros das grandes cidades, são doze as mais cultuadas. O que acontece é que algumas divindades têm "qualidades", que podem ser cultuadas como um diferente Orixá/Inquice/Vodun em um ou outro terreiro. Então, a lista de divindades das diferentes nações é grande, e muitos Orixás do Ketu podem ser "identificados" com os Voduns do Jejé e Inquices dos Bantu em suas características, mas na realidade não são os mesmos; seus cultos, rituais e toques são totalmente diferentes.

Umbanda

Umbanda é uma religião formada dentro da cultura religiosa brasileira que sincretiza vários elementos, inclusive de outras religiões como o catolicismo, o espiritismo e as religiões afro-brasileiras. A palavra umbanda deriva de m'banda, que em quimbundo significa "sacerdote" ou "curandeiro".

As raízes da umbanda são difusas. Segundo os umbandistas, ela foi criada em 1908 pelo Médium Zélio Fernandino de Moraes, sob a influência do Caboclo das Sete Encruzilhadas.

Antes disso, já havia, de fato, o trabalho de guias (pretos-velhos, caboclos, crianças), assim como religiões ou simples manifestações religiosas espontâneas cujos rituais envolviam incorporações e o louvor aos orixás. Entretanto, foi através de Zélio que organizou-se uma religião com rituais e contornos bem definidos à qual deu-se o nome de umbanda.

Sincretismo da umbanda

A umbanda é uma junção de elementos africanos (orixás e culto aos antepassados), indígenas (culto aos antepassados e elementos da natureza), Catolicismo (o europeu, que trouxe o cristianismo e seus santos que foram sincretizados pelos Negros Africanos), Espiritismo(fundamentos espíritas, reencarnação, lei do carma, progresso espiritual etc).

A umbanda prega a existência pacífica e o respeito ao ser humano, à natureza e a Deus. Respeitando todas as manifestações de fé, independentes da religião. Em decorrência de suas raízes, a umbanda tem um caráter eminentemente pluralista, compreende a diversidade e valoriza as diferenças. Não há dogmas ou liturgia universalmente adotadas entre os praticantes, o que permite uma ampla liberdade de manifestação da crença e diversas formas válidas de culto.

A máxima dentro da umbanda é "Dê de graça, o que de graça recebestes: com amor, humildade, caridade e fé".

Mantém-se na umbanda o sincretismo religioso com o catolicismo e os seus santos, assim como no antigo Candomblé dos escravos, por uma questão de tradição, pois antigamente fazia-se necessário como uma forma de tornar aceito o culto afro-brasileiro sem que fosse visto como algo estranho e desconhecido, e, portanto, perseguido e combatido.

Há discordância sobre as cores votivas de cada orixá conforme o local do Brasil e a tradição seguida por seus seguidores. Da mesma forma quanto ao Santo sincretizado a cada orixá.

Alimentação dos escravos (pratos tipicos)

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baía, o azeite de dendê, confirmou a excelência da pimenta malagueta sobre a do reino, deu ao Brasil o feijão preto, o quiabo, ensinou a fazer vatapá, caruru, mungunzá, acarajé, angu e pamonha.

A cozinha negra, pequena mas forte, fez valer os seus temperos, os verdes, a sua maneira de cozinhar. Modificou os pratos portugueses, substituindo ingredientes; fez a mesma coisa com os pratos da terra; e finalmente criou a cozinha brasileira, descobrindo o chuchu com camarão, ensinando a fazer pratos com camarão seco e a usar as panelas de barro e a colher de pau.

Abará

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de feijão-fradinho temperada com pimenta, sal, cebola e azeite-de-dendê, algumas vezes com camarão seco, inteiro ou moído e misturado à massa, que é embrulhada em folha de bananeira e cozida em água. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Iansã, Obá e Ibeji).

Aberém

Bolinho de origem afro-brasileira, feito de milho ou de arroz moído na pedra, macerado em água, salgado e cozido em folhas de bananeira secas. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Omulu e Oxumaré).

Abrazô

Bolinho da culinária afro-brasileira, feito de farinha de milho ou de mandioca, apimentado, frito em azeite-de-dendê.

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moído, misturado com azeite-de-dendê e mel. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Oxum).

Aluá

Bebida refrigerante feita de milho, de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com açúcar ou rapadura, usada tradicionalmente como oferenda aos orixás nas festas populares de origem africana.

Lendas dos negros

Lendas dos orixás

"Antigamente, os orixás eram homens.
Homens que se tornaram orixás por causa de seus poderes.
Homens que se tornaram orixás por causa de sua sabedoria.
Eles eram respeitados por causa de sua força,
Eles eram venerados por causa de suas virtudes.
Nós adoramos sua memória e os altos feitos que realizaram.
Foi assim que estes homens tornaram-se orixás.
Os homens eram numerosos sobre a Terra.
Antigamente, como hoje,
Muitos deles não eram valentes nem sábios.
A memória destes não se perpetuou
Eles foram completamente esquecidos;
Não se tornaram orixás.
Em cada vila, um culto se estabeleceu
Sobre a lembrança de um ancestral de prestígio
E lendas foram transmitidas de geração em geração para
render-lhes homenagem"

OXALÁ

Muitas são suas lendas e extensa é sua origem e história na África,
matéria destinada aos estudiosos e mais aprofundados na religião.
Sendo os mais cultuados no Brasil, Oxalufon "o velho" e
Oxaguian "o moço" na sua forma "guerreira" de Oxalá
que carrega uma espada, cheio de vigor e nobreza,
seu templo principal é em Ejigbo, onde ostenta o título de Eléèjìgbó,
Rei de Ejigbo. Na condição de velho e sábio, curvado ao peso dos anos,
figura nobre e bondosa, carrega uma cajado em que se apoia,
o Opaxoro, cajado de forte simbologia, utilizado para separação
do Orun e o Ayié. No Brasil é o mais venerável e o mais venerado,
sua cor é o branco, seu dia a Sexta-feira, motivo pelo qual
os candomblecistas em geral usam roupa branca na Sexta-feira
e na virada do ano, num claro respeito e devoção a Oxalá.
Sua maior festa é uma cerimônia chamada "Águas de Oxalá"
que diz respeito a sua lenda dos sete anos de encarceramento,
culminando com a cerimônia do "Pilão de Oxaguian",
para festejar a volta do pai. Esse respeito advém da sua condição
delegada por Olorun, da criação e governo da humanidade.

Quilombos

A palavra "Quilombo" tem origem nos termos "kilombo" (Quimbundo) ou "ochilombo" (Umbundo), presente também em outras línguas faladas ainda hoje por diversos povos Bantus que habitam a região de Angola, na África Ocidenta

Foi no Brasil que o termo "quilombo" ganhou o sentido de comunidades autónomas de escravos fugitivos. Havia escravidão, porém, em alguns quilombos.

Tradicionalmente, os quilombos eram das regiões de grande concentração de escravos, afastados dos centros urbanos e em locais de difícil acesso. Embrenhados nas matas, selvas ou montanhas, esses núcleos se transformaram em aldeias, dedicando-se à economia de subsistência e às vezes ao comércio, alguns tendo mesmo prosperado. Existem registros de quilombos em todas as regiões do país. Primeiramente um destaque especial ao estado de Alagoas, mais precisamente no interior do estado na cidade de União dos Palmares, que até hoje concentra o principal e maior quilombo que já existiu: o quilombo dos Palmares. Segundo os registros existem quilombos nos seguintes estados brasileiros: Pernambuco, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo.

Quilombolas eram originalmente agrupamentos de ex–escravos fugidos de seus senhores desde os primeiros tempos do período colonial. Em algumas épocas e locais, tentaram reproduzir a organização social africana, inclusive com a escolha de reis tribais.

Lideres negros

Zumbi dos Palmares

Alguns autores levantam a possibilidade de que Zumbi não tenha sido o verdadeiro herói do Quilombo dos Palmares e sim Ganga-Zumba: "Os escravos que se recusavam a fugir das fazendas e ir para os quilombos eram capturados e convertidos em cativos dos quilombos. A luta de Palmares não era contra a iniquidade desumanizadora da escravidão. Era apenas recusa da escravidão própria, mas não da escravidão alheia.[...]"

De acordo com José Murilo de Carvalho, em "Cidadania no Brasil", "os quilombos mantinham relações com a sociedade que os cercavam, e esta sociedade era escravista. No próprio quilombo dos Palmares havia escravos. Não existiam linhas geográficas separando a escravidão da liberdade"

Nelson Mandela

Mandela envolveu-se na oposição ao regime do apartheid, que negava aos negros (maioria da população) direitos políticos, sociais e econômicos. Uniu-se ao Congresso Nacional Africano (conhecido no Brasil pela sigla portuguesa, CNA, e em Portugal pela sigla inglesa, ANC) em 1947, e dois anos depois fundou com Walter Sisulu e Oliver Tambo (entre outros) uma organização mais dinâmica, a Liga Jovem do NCA/ANC

Depois da eleição de 1948 dar a vitória ao Partido Nacional africânder- que seria o promotor da política de segregação racial -, Mandela aderiu ao Congresso do Povo (1975) (percursor do ANC) que divulgou a Carta da Liberdade - documento contendo um programa fundamental para a causa antiapartheid.

Martin Luter King

foi um pastor protestante e ativista político estadunidense. Tornou-se um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, e no mundo, com uma campanha de não violência e de amor ao próximo. Ele foi a pessoa mais jovem a receber o Prémio Nobel da Paz em 1964, pouco antes de seu assassinato. Seu discurso mais famoso e lembrado é "Eu Tenho Um Sonho".

Leis para os negros

Lei do ventre livre

O Partido Liberal comprometeu-se publicamente com a causa do nascimento de crianças a partir daquela data , mas foi o gabinete do Visconde do Rio Branco, do Partido Conservador, que promulgou a primeira lei abolicionista, a Lei do Ventre Livre, em 28 de setembro de 1871. Em defesa da lei, o Visconde do Rio Branco apresenta a escravidão como uma "instituição injuriosa", menos para os escravos e mais para o país, sobretudo para sua imagem externa.

Lei do sexagenário

partir de 1887, os abolicionistas passaram a atuar no campo, muitas vezes ajudando fugas em massa, fazendo com que por vezes os fazendeiros fossem obrigados a contratar seus antigos escravos em regime assalariado. Em 1887, diversas cidades libertam os escravos; a alforria era normalmente condicionada à prestação de serviços (que, em alguns casos, implicava na servidão a outros membros da família).

Lei áurea

Em 13 de maio de 1888, o governo imperial rendeu-se às pressões e a princesa Isabel de Bragança assinou a lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil. A decisão desagradou aos fazendeiros, que exigiam indenizações pela perda de "seus bens". Como não as conseguiram, aderiram ao movimento republicano. Ao abandonar o regime escravista, o Império perdeu uma coluna de sustentação política.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ditadura militar (1964–1985)


       Ditadura militar


      A ditadura militar foi um dos períodos mais conturbados da história do
Brasil e esse tipo de governo teve inicio em abril de 1964 depois de um
golpe que havia sido dado pelas Forças Armadas. Esse golpe foi recebido
como sendo um alívio para  os americanos que ficaram mais satisfeitos de
ver o Brasil não  seguir o mesmo caminho de Cuba onde tinha a guerrilha
que era liderada por Fidel Castro que tinha tomado o poder. Depois de ter
 passado um tempo após o golpe vieram então os atos institucionais que
 eram artificialismos que foram criados para dar legitimidade jurídica a
ações políticas contrárias à constituição brasileira o que culminou numa
ditadura.

    A ditadura militar Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão
de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o
regime militar.



Presidentes

 GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967)

     Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Congresso Nacional presidente da República
em 15 de abril de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender
a democracia, porém ao começar seu governo, assume uma posição autoritária
Estabelecendo eleições indiretas para presidente, além de dissolver os partidos políticos.
Vários parlamentares federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram
seus direitos políticos e constitucionais cancelados e os sindicatos receberam intervenção do governo militar.
Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo.

     Só estavam autorizados o funcionamento de dois partidos: Movimento Democrático Brasileiro (MDB)
e a Aliança Renovadora Nacional (ARENA).
Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada, o segundo representava os militares.

     O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova Constituição para o país.
Aprovada neste mesmo ano, a Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o regime militar
e suas formas de atuação



GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969)

     Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa e Silva, após ser
eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu governo é marcado
por protestos e manifestações sociais. A oposição ao regime militar cresce no país.
A UNE (União Nacional dos Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil.

"Greves de operários paralisam fábricas em protesto
ao regime militar. A guerrilha urbana começa a se organizar.
Formada por jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e
seqüestram embaixadores para obterem fundos
para o movimento de oposição armada."

    No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato Institucional Número 5 ( AI-5 ).
Para mutios este foi o mais duro do governo militar, pois aposentou juízes, cassou mandatos,
 acabou com as garantias do habeas-corpus e aumentou a repressão militar e policial.


GOVERNO DA JUNTA MILITAR

      A junta militar era formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército),
Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica).

     Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN seqüestram o embaixador dos EUA Charles Elbrick.
Os guerrilheiros exigem a libertação de 15 presos políticos, exigência conseguida com sucesso.
Porém, em 18 de setembro, o governo decreta a Lei de Segurança Nacional.
Esta lei decretava o exílio e a pena de morte
em casos de "guerra psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva".


GOVERNO MEDICI (1969-1974)

      Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o general Emílio Garrastazu Medici.
Seu governo é considerado o mais duro e repressivo do período,
conhecido como " anos de chumbo ". A repressão à luta armada cresce e uma severa política
de censura é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas
e outras formas de expressão artística são censuradas. Muitos professores, políticos, músicos,
artistas e escritores são investigados, presos, torturados ou exilados do país.
O DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de Operações de Defesa Interna)
atua como centro de investigação e repressão do governo militar.

Ganha força no campo a guerrilha rural, principalmente no Araguaia.
A guerrilha do Araguaia é fortemente reprimida pelas forças militares


GOVERNO GEISEL (1974-1979)

      Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Geisel que começa um lento
processo de transição rumo à democracia. Seu governo coincide com o fim
do milagre econômico e com a insatisfação popular em altas taxas.

     A oposição política começa a ganhar espaço. Nas eleições de 1974,
o MDB conquista 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos Deputados e
ganha a prefeitura da maioria das grandes cidades,Os militares de linha dura, não contentes
com os caminhos do governo Geisel, começam a promover ataques clandestinos aos
membros da esquerda.

    Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-corpus
e abre caminho para a volta da democracia no Brasil.


GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985)

    A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a acelerar o processo de redemocratização.
O general João Baptista Figueiredo decreta a Lei da Anistia, concedendo o
direito de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e demais brasileiros exilados e
condenados por crimes políticos. Os militares de linha dura continuam com a repressão clandestina.
Cartas-bomba são colocadas em órgãos da imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil).


A Redemocratização e a Campanha pelas Diretas Já

     Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vários problemas.
A inflação é alta e a recessão também. Enquanto isso a oposição ganha terreno
com o surgimento de novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos.

     Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol e milhões de brasileiros
participam do movimento das Diretas Já. O movimento era favorável
à aprovação da Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições diretas para
 presidente naquele ano. Para a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela
Câmara dos Deputados.

    No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancredo Neves,
que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da República.
Ele fazia parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB
e pela Frente Liberal.

    Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica doente antes de assumir
e acaba falecendo. Assume o vice-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada
uma nova constituição para o Brasil. A Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura militar
e estabeleceu princípios democráticos no país.



Atos Institucionais

Entre 1964 a 1969 foram decretados 17 atos institucionais regulamentados por
104 atos complementares.

     O AI-1 dava ao governo militar o poder de alterar a constituição, cassar mandatos
legislativos, suspender direitos políticos por dez anos e demitir, colocar
em disponibilidade ou aposentar compulsoriamente qualquer pessoa que tivesse
atentado contra a segurança do país, o regime democrático e a
probidade da administração pública.

   O AI-2 aumentou o número de ministros do Supremo Tribunal Federal
de 11 para 16, reabriu o processo de punição aos adversários do regime,
estabeleceu que o presidente poderia decretar estado de sítio por 180 dias
sem consultar o Congresso, intervir nos estados, decretar o
recesso no Congresso, demitir funcionários por incompatibilidade com
o regime e baixar decretos-lei e atos complementares sobre assuntos
de segurança nacional.

    O AI-3 estabelecia eleições indiretas para governador e vice-governador
e que os prefeitos das capitais seriam indicados pelos governadores,
 com aprovação das assembleias legislativas.

    O AI-4 convocou ao Congresso Nacional para a votação e promulgação
da Constituição de 1967|Projeto de Constituição, que revogaria
definitivamente a Constituição de 1946.

    O AI-5 Este ato incluía a proibição de manifestações de natureza política,
além de vetar o "habeas corpus" para crimes contra a segurança nacional
(ou seja, crimes políticos).

   O AI-6 reduziu de 16 para 11 o número de ministros do STF,
sendo aposentados compulsoriamente Antônio Carlos Lafayette de Andrada
e Antônio Gonçalves de Oliveira, que haviam se manifestado contra a cassação
de outros ministros do tribunal. Estabeleceu também que os crimes contra
a segurança nacional seriam julgados pela justiça militar e não pelo STF.

    O AI-7 suspendeu todas as eleições até novembro de 1970.

   O AI-8 estabelecendo que estados, Distrito Federal e municípios
com mais de 200.000 habitantes poderiam fazer reformas
administrativas por decreto.

    O AI-9 estabeleceu regras para a reforma agrária cuja doutrinação tinha
cunho estritamente conservador. Este ato institucional dava poder
ao presidente para delegar as atribuições para a desapropriação
de imóveis rurais por interesse social, sendo-lhe privativa a declaração
de zonas prioritárias.

    O AI-10 determinava que as cassações e suspensões de direitos políticos
com base nos outros AIs acarretariam a perda de qualquer cargo
da administração direta, ou indireta, instituições de ensino e organizações
consideradas de interesse nacional.

    O AI-11 Estabeleceu novo calendário eleitoral, Fixa a data das
Eleições para Prefeitos, Vice-Prefeitos e Vereadores.

    O AI-12 estabeleceu que uma junta militar composta pelos
ministros militares assumiria o poder e não o vice-presidente Pedro Aleixo.

   O AI-13 estabelecia o "banimento do território nacional
de pessoas perigosas para a segurança nacional.

   O AI-14 estabelecia a modificação do artigo 150 da constituição,
com a aplicação da pena de morte nos casos de guerra externa,
psicológica adversa, revolucionária ou subversiva.

   O AI-15 o ato Institucional número quinze, ou AI-15,
foi editado no dia 9 de setembro de 1969 fixando as eleições nos municípios
sob intervenção federal para 15 de novembro de 1970.

   O AI-16 Declarou vagos os cargos de presidente e vice-presidente
da República, marcando para o dia 25 seguinte a eleição
 presidencial indireta pelo Congresso Nacional, em sessão pública e por votação nominal.

   O AI-17 autorizava a junta militar a colocar na reserva os militares
que "tivessem atentado ou viessem a atentar, comprovadamente,
contra a coesão das forças armadas". Uma forma encontrada para conter
a oposição encontrada pela indicação de Médici.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Vídeo de Getúlio Dornelles Vargas -Discurso do dia do Trabalho de 1951

Resumo do Populismo de Getúlio Dornelles Vargas

INTRODUÇÃO Após a crise de 1930 que se estabeleceu no mundo todo e a confusão interna no país, tomava o poder, através de um golpe militar, o gaúcho Getulio Vargas, que era filho de poderosos fazendeiros e já tinha grande influencia no cenário político do Brasil, o que fez com que fosse escolhido como representante da Aliança Liberal. Getulio manteve-se no poder durante muito tempo. Seu longo tempo no governo deu-se por dois principais motivos: a força da estrutura militar que mantinha sua ditadura e o “pacto” que ele tinha com os cidadãos que os silenciava em troca de benefícios. Tais benefícios o ajudavam á ser visto pela população (com algumas exceções) como um ídolo, alguém que só queria fazer bem para eles. Esse tipo de estratégia de governo é chamado de populismo. É com o intuito de ver como as pessoas que viveram naquela época vêem Getulio Vargas que estamos realizando esse trabalho. ENTREVISTAS 1º entrevistado: Eduvirges José Machado, nascido em 1936, em São João do Itaperiú, cidade no interior de Santa Catarina. *Quem foi Getúlio Vargas? Foi um ditador e também foi uma vez eleito pelo povo. (Não sabia o que tinha acontecido primeiro). *O que ele fez para o país? Ele foi responsável pelo inicio do desenvolvimento industrial do país, implantou as leis trabalhistas e os impostos. Todos os produtores tinham que pagar impostos sobre seus produtos, e alguns eram contra. *O que você acha da forma com que Getulio governava? O governo dele se preocupou em melhorar a vida da população, diminuir a distância entre as classes sociais, etc. *Sobre a morte dele, como e porque aconteceu? Ele se matou, porque foi traído e não queria entregar o poder. *Como foi a repercussão da sua morte? O fato do seu suicídio teve grande repercussão, principalmente para a classe trabalhista, que ficou bastante decepcionada. 2º entrevistada: Arminda da Rosa Nazário, nascido em 1914, em Armazém, cidade próxima a Tubarão. *Quem foi Getúlio Vargas? Um presidente muito bom, que só fez o bem. *O que ele fez para o país? A melhor coisa que ele fez foi na minha opinião a implantação da religião católica nas escolas. *O que você acha da forma com que Getulio governava? Foi um governo muito bom, tanto é que ele ficou 15 anos no governo, quando o normal era 4. *Sobre a morte dele, como e porque aconteceu? Uns dizem que ele se matou, mas eu não acredito nisso. Acho que mandaram mata-lo pois era um homem que fazia o bem para os menos favorecidos e deixava os mais ricos de lado. *Como foi a repercussão da sua morte? Foi muito triste, tanto que ninguém acreditava que ele morreu, achavam que fosse um tipo de “brincadeira de mau gosto”. COMENTÁRIOS No primeiro entrevistado podemos perceber uma visão boa de Getulio Vargas. O senhor Eduvirges lembra de Vargas como um presidente que pretendia melhorar a vida da população e diminuir as distancias sociais, sem perceber o que poderia estar por trás dos seus atos. Após a entrevista, procurei expor o tema “populismo” e a forma como aprendemos a ver o governo de Getúlio, discutimos um pouco sobre o assunto, mas as idéias de cada um continuaram as mesmas. A segunda entrevistada via Getúlio Vargas como um homem religioso e bom para os menos favorecidos, ela demonstrou um conhecimento muito grande sobre versinhos que os alunos eram obrigados a decorar, ela também explicou coisas que não se podia fazer naquele tempo. Coisas como, por exemplo, falar do presidente na rua, cantar o Hino Nacional fora da escola, falar mal do presidente. Conversamos também com pessoas que eram crianças na época e estas nos informaram que seus pais falavam muito bem de Getúlio. Falaram também que não se podia cantar o Hino Nacional na roça, pois se cantasse era chamada à atenção. CONCLUSÃO Nós concluímos que naquela época as pessoas não tinham quase nenhuma informação verdadeira sobre Getúlio, pois a mídia não podia falar mal do governo. Porém achamos que Getúlio foi um homem bom para a época, pois parou com a “eleição” que não tinha nada de eleição, pois eram todos mandados a votar em certos candidatos. Se o País chegou à democracia que estamos hoje, foi com certeza por causa do golpe de Getúlio.

quinta-feira, 24 de março de 2011

A Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918)

A Primeira Guerra Mundial ocorreu entre 28 de julho de 1914 e 11 de novembro de 1918, e foi o
acontecimento que deu início ao século XX.



Fatores Gerais

* Disputa dos mercados internacionais pelos países industrializados, que não conseguiam mais escoar toda a produção de suas fábricas. Tal concorrência era particularmente acirrada entre a Grã-Bretanha e a Alemanha.

* Atritos entre as grandes potências devido a questões coloniais. Alemanha, Itália e Japão participaram com atraso da corrida neocolonialista e estavam insatisfeitos com as poucas colônias que haviam adquirido.

* Exacerbação dos nacionalismos europeus, manipulados pelos respectivos governos como um meio de obter a adesão popular à causa da guerra. Há que considerar ainda o nacionalismo das populações que se encontravam sob o jugo do Império Austro-Húngaro ou do Império Russo e ansiavam pela independência.

Fatores Específicos

* A França alimentava em relação à Alemanha um forte sentimento de revanchismo, por causa da humilhante derrota sofrida na Guerra Franco-Prussiana de 1870-71, e desejava recuperar a região da Alsácia-Lorena, perdida para os alemães naquele conflito.

* A Itália, cujo processo de unificação política ocorrera no século XIX, desejava incorporar as cidades “irredentas” (não-redimidas) de Trento e Trieste, que continuavam em poder da Áustria-Hungria.

* O Reino da Sérvia aspirava à formação de uma Grande Sérvia; para tanto, pretendia anexar o vizinho Reino do Montenegro e as regiões da Bósnia-Herzegovina, Croácia e Eslovênia, pertencentes ao Império Austro-Húngaro. As ambições sérvias eram respaldadas pela Rússia, desejosa de consolidar sua influência nos Bálcãs para ter acesso ao Mar Mediterrâneo.

* O decadente Império Otomano (Turquia), apelidado O Homem Doente da Europa, vinha sofrendo uma dupla pressão: da Rússia, que tencionava apossar-se dos estreitos do Bósforo e dos Dardanelos, e da Grã-Bretanha, que desejava libertar as populações árabes do domínio turco, a fim de poder explorar o petróleo do Oriente Médio. Tal situação levou o governo otomano a se aproximar da Alemanha, em busca de ajuda técnica e militar.

Antecedentes

Depois de unificar a Alemanha em torno do Reino da Prússia, dando origem ao II Reich (Império Alemão, 1871-1918), o chanceler (primeiro-ministro, nos países de língua alemã) Bismarck procurou tecer uma Política de Alianças com as demais potências européias, a fim de manter a França isolada e neutralizar o revanchismo francês. Essa política teve sucesso (exemplo: a União dos Três Imperadores, celebrada entre Alemanha, Áustria-Hungria e Rússia), mas foi abandonada após 1890, quando Bismarck se afastou da vida política.

O novo imperador da Alemanha, Guilherme II (conhecido como o Kaiser, 1888-1918), adotou uma política militarista que minou as relações com a Rússia e a Grã-Bretanha: a primeira irritou-se com o estreitamento da aliança entre Alemanha e Áustria-Hungria, além do apoio dado pelos alemães à Turquia; a Grã-Bretanha, já prejudicada com a concorrência industrial e comercial alemã, inquietou-se com os planos do Kaiser no sentido de criar uma poderosa marinha de guerra e construir uma ferrovia ligando Berlim a Bagdá (cidade do Império Otomano relativamente próxima do Golfo Pérsico).

Em consequência, houve um remanejamento de posições das potências européias. O resultado foi a formação de dois blocos opostos:

Tríplice Aliança: Alemanha, Áustria-Hungria e Itália. Esta uniu-se à Alemanha em represália à França, que frustrara a pretensão italiana de conquistar a Tunísia. Mas o fato de a Áustria-Hungria fazer parte do bloco incomodava os italianos, devido à questão das “cidades irredentas”.

Tríplice Entente: Inglaterra (ou melhor, Grã-Bretanha), França e Rússia. Esse nome vem de Entente Cordiale (“Entendimento Cordial”) – forma como o governo francês definiu sua aproximação com a Inglaterra, de quem a França era adversária tradicional.

O período que antecedeu a eclosão da Primeira Guerra Mundial é conhecido pelo nome de Paz Armada, pois as grandes potências, convencidas da inevitabilidade do conflito e até mesmo desejando-o, aceleraram seus preparativos bélicos (exceto a Itália, que não estava bem certa do que iria fazer). Por duas vezes, em 1905 e 1911, a Alemanha provocou a França a respeito do Marrocos, mas as crises foram contornadas.

O Início da Guerra

Até 1912, o enfraquecido Império Otomano ainda conservava nos Bálcãs uma faixa territorial que se estendia de Istambul (antiga Constantinopla) ao Mar Adriático e incluía a Albânia. Entre 1912 e 1913, porém, perdeu quase todas essas terras para a Grécia, Bulgária e sobretudo para a Sérvia, que deu os primeiros passos no sentido de implementar seu projeto da “Grande Sérvia”; a Albânia tornou-se um Estado independente.

Em 28 de junho de 1914, o arquiduque Francisco Fernando de Habsburgo, herdeiro do trono austro-húngaro, visitava Sarajevo, capital da Bósnia, com sua esposa, quando ambos foram assassinados por um jovem bósnio cristão ortodoxo (a imensa maioria dos bósnios era muçulmana), partidário da união com a Sérvia. A Áustria-Hungria, alegando envolvimento do governo sérvio no crime, apresentou uma série de exigências que foram rejeitadas pela Sérvia.

Em 28 de julho, a Áustria-Hungria declarou guerra à Sérvia. No dia seguinte, a Rússia pôs suas tropas em estado de prontidão, e a Alemanha fez o mesmo em 30 de julho. Na madrugada de 1º de agosto, a Alemanha declarou guerra à Rússia, sendo imitada pelo governo austro-húngaro.

Grã-Bretanha e França, surpreendidas pela rapidez dos acontecimentos, não se moveram. Mas a Alemanha, cujos planos de campanha estavam prontos desde 1911, declarou guerra à França em 3 de agosto. Na madrugada de 4, as tropas alemãs invadiram a Bélgica – que era neutra – para surpreender os franceses com um ataque vindo de direção inesperada. A Bélgica, militarmente fraca, não conseguiria conter os invasores, os quais deveriam alcançar rapidamente o Canal da Mancha. Alarmado com essa perspectiva, o governo britânico declarou guerra à Alemanha na noite de 4 de agosto.

Em uma semana, o que deveria ser mais um conflito balcânico transformara-se em uma guerra européia. A Itália somente entrou na luta em 1915; mas fê-lo contra a Alemanha e Áustria-Hungria, porque Grã-Bretanha e França lhe prometeram – e depois não cumpriram – que os italianos ganhariam algumas colônias alemãs na África (além de Trento e Trieste, naturalmente).

Durante a Primeira Guerra Mundial, os blocos em conflito mudaram de denominação, passando a ser conhecidos como:

Impérios Centrais: Alemanha, Áustria-Hungria, Turquia e Bulgária.

Aliados: Sérvia, Rússia, França, Bélgica, Grã-Bretanha, Japão, Itália, Romênia, EUA, Brasil etc.

O Desenrolar da Guerra

O plano de campanha dos alemães previa uma guerra em duas frentes; mas priorizava a Frente Ocidental (contra os anglo-franceses), ainda que isso significasse perdas territoriais temporárias na Frente Oriental (contra os russos). Assim, o Kaiser e seus generais esperavam derrotar rapidamente seus inimigos do oeste, para depois voltar suas forças contra os russos.

Na Frente Ocidental, a Primeira Guerra Mundial apresenta duas fases bem diferenciadas:

Guerra de Movimentos (agosto/novembro de 1914): Os alemães ocuparam quase toda a Bélgica e também o norte da França. Mas não conseguiram tomar Paris nem dominar a costa francesa no Canal da Mancha.

Tropas austríacas executando prisioneiros sérvios.

Guerra de Trincheiras (novembro de 1914/março de 1918): Durante quase dois anos e meio, as linhas de combate estabilizaram-se e os exércitos adversários procuraram abrigar-se em um complexo sistema de trincheiras onde passaram praticamente a morar – convivendo com ratos, parasitas e ainda com a lama ou o pó, o frio ou o calor, conforme a estação do ano. Protegidas por intrincadas redes de arame farpado e por ninhos de metralhadora, eram posições muito difíceis de conquistar. Os comandantes de ambos os lados, não preparados para essa nova realidade, continuaram durante muito tempo a ordenar ataques frontais de infantaria, perdendo dezenas de milhares de homens para avançar alguns quilômetros. O exemplo mais dramático desse inútil sacrifício de vidas foi a luta pelas posições fortificadas francesas de Verdun. A luta, que se arrastou por dez meses em 1916, provocou mais de um milhão de mortes e, no final, as posições eram as mesmas quando do início da batalha.

Soldados ingleses entrincheirados.


Na Frente Oriental, o chamado “rolo compressor russo” (o maior exército do mundo) obteve algumas vitórias iniciais, mas depois teve de recuar diante dos alemães e austro-húngaros. O exército czarista era mal armado, mal organizado e mal comandado; mesmo assim, tentou contra-ofensivas em 1915 e 1916, sofrendo baixas terríveis. No começo de 1917, os Impérios Centrais controlavam firmemente a Polônia, a Lituânia, a Letônia e parte da Bielo-Rússia (todos esses territórios faziam parte do Império Russo).

Na África e no Pacífico, a maioria das colônias alemãs caiu rapidamente em poder dos Aliados. No Oriente Médio, um exército britânico passou a operar contra os turcos a partir de 1917; foi auxiliado por um levante das tribos da Arábia, estimuladas pelo célebre agente inglês Thomas Lawrence, conhecido como “Lawrence da Arábia”.

No Mar do Norte, a esquadra alemã defrontou-se com a britânica na Batalha da Jutlândia (1916), mas não conseguiu romper o bloqueio marítimo imposto pelos Aliados.

1917: O Ano Decisivo

A Alemanha possuía a maior frota de submarinos entre os países beligerantes. Entretanto, os comandantes dessas embarcações vinham se abstendo de torpedear navios de passageiros (ainda que de bandeira inimiga) e quaisquer navios de países neutros. A exceção foi o transatlântico inglês Lusitania, torpedeado em 1915 e que explodiu – provavelmente por estar transportando secretamente munições norte-americanas para a Inglaterra.
Em janeiro de 1917, o governo alemão anunciou que iria iniciar uma campanha submarina “sem restrições”; ou seja, seus submarinos torpedeariam quaisquer navios que tentassem alcançar portos franceses ou britânicos. Essa decisão complicou a situação dos Aliados, pois a Grã-Bretanha dependia de fornecimentos marítimos para sua própria sobrevivência.

Assalto francês às posições alemãs em Champagne, França, 1917.

Em março de 1917, estourou a Revolução Russa. O czar Nicolau II foi derrubado e um governo provisório liberal (formado por aristocratas e burgueses) assumiu o poder. Oficialmente, a Rússia continuou na guerra contra a Alemanha; mas seus soldados, esgotados e desmoralizados, praticamente pararam de combater. Essa circunstância poderia permitir aos alemães deslocarem tropas para a frente ocidental, derrotando definitivamente ingleses e franceses.

No decorrer da guerra, os Estados Unidos haviam-se tornado os grandes fornecedores dos Aliados, aos quais vendiam desde alimentos até armas e munições. Grã-Bretanha, França e outros países tinham acumulado débitos enormes junto aos empresários norte-americanos, os quais não poderiam suportar o fantástico prejuízo advindo de uma possível derrota anglo-francesa.

Exército alemão invade território britânico
Tanque de guerra britânico capturado pelos Alemães

Por essa razão, em 6 de abril de 1917, tomando como pretexto o afundamento de cinco navios norte-americanos por submarinos alemães, o presidente Wilson (o mesmo que em janeiro daquele ano divulgara seus 14 pontos para uma paz justa), declarou guerra aos Impérios Centrais. Como o país não tinha serviço militar obrigatório, foram necessários dez meses para treinar um enorme exército que pudesse operar na Europa. Mas a marinha de guerra norte-americana entrou imediatamente na luta contra os submarinos alemães, aliviando a grave situação dos ingleses.

1918: Cronologia do Término do Conflito 

Fevereiro: Chegada das primeiras tropas norte-americanas à França.

Março: O governo bolchevique (comunista) russo, que fora instaurado em novembro de 1917, assina o Tratado de Brest-Litovsk com a Alemanha, retirando a Rússia da guerra. No mesmo mês, os alemães iniciam uma última ofensiva na frente ocidental, mas mais uma vez não conseguem tomar Paris.

Julho: Contra-ofensiva aliada na França. Os alemães começam a bater em retirada.

Setembro: Capitulação (rendição) da Bulgária.

Outubro: Capitulação da Turquia.

Novembro: O Império Austro-Húngaro desintegra-se no dia 3. Áustria e Hungria assinam armistícios (acordos de cessar-fogo) separados. No dia 9, irrompe uma revolução republicana na Alemanha; fuga do Kaiser Guilherme II. No dia 11, o novo governo alemão assina um armistício com os Aliados, na expectativa de serem observados os “14 Pontos” de Wilson (expectativa frustrada pela dureza das condições impostas pelos vencedores).

Os Tratados de Paz

Em 1919, reuniu-se a Conferência de Paz de Paris, para a qual somente a Rússia não foi convidada. Todavia, em vez de discussões amplas e abertas entre todos os envolvidos na Grande Guerra (nome dado ao conflito de 1914-18 até 1939, quando começou a Segunda Guerra Mundial), os tratados de paz foram elaborados pelos Três Grandes – Wilson, dos EUA; Lloyd George, da Grã-Bretanha; Clemenceau, da França – e impostos aos países vencidos.

O tratado mais importante foi o de Versalhes, que a Alemanha foi obrigada a assinar. Eis suas cláusulas mais importantes:

A Alemanha foi considerada a única responsável pela eclosão da guerra.
Foram perdidas todas as colônias e vários territórios alemães na Europa (principais: a Alsácia-Lorena, restituída à França; o Corredor Polonês, que dividiu a Alemanha em duas partes; o porto de Danzig, transformado em cidade-livre).

Limitações militares: proibição do serviço militar obrigatório e da produção de aviões de combate, tanques, canhões gigantes, navios de guerra de grande porte e submarinos, além da limitação do exército alemão a 100 mil homens.
Pagamento de pesadíssimas reparações de guerra.

As duras (e injustas) condições do Tratado de Versalhes geraram entre os alemães um profundo ressentimento, responsável em grande parte pela ascensão de Hitler ao poder– o que acabaria levando à II Guerra Mundial.

Consequências da Primeira Guerra Mundial

* 17 milhões de mortos (destes, 11 milhões eram combatentes).

* Fim dos impérios Russo, Austro-Húngaro, Alemão e Otomano.

* Surgimento de novos Estados europeus:
Do desmembramento do Império Austro-Húngaro: Áustria, Hungria, Checoslováquia e Iugoslávia (nome oficial da “Grande Sérvia”, criado em 1931).
Do desmembramento do Império Russo:
URSS, Finlândia, Polônia, Lituânia, Letônia e Estônia.

* Crise econômica generalizada, com especial gravidade na URSS, Itália e Alemanha.

* Surgimento dos regimes totalitários, tanto de esquerda (comunismo) como de direita (fascismo).

* Ascensão dos EUA à posição de maior potência mundial.

* Criação da Sociedade das Nações ou Liga das Nações – um dos poucos itens dos “14 Pontos” que foram aproveitados.

* Existência de minorias étnicas com tendência separatista em vários países da Europa Central e Oriental, criando graves focos de tensão.

terça-feira, 22 de março de 2011

República das Oligarquias. (1894 - 1930).

Representantes das elites durante a República das Oligarquias.

A República das Oligarquias é a denominação dada ao período de 1894 a 1930, em que a política do país era dirigida por oligarquias agrárias e por representantes civis na presidência. Prudente de Morais foi o primeiro presidente civil que favoreceu a volta do poder agrário já que estes estavam limitados a dominar somente o poder legislativo.

A política que permaneceu no poder neste período foi chamada de Café-com-Leite já que seus representantes maiores eram São Paulo, maior produtor e exportador de café do país, e Minas Gerais, que apesar de não ser o maior produtor de leite se dedicava em especial a este produto. Neste período os principais governantes do país estavam fortemente ligados ao café, como é o caso de deputados, senadores, governadores e presidentes do Brasil.

Em acordo, o governo era assumido por paulistas e mineiros alternadamente, exceto Hermes da Fonseca que era gaúcho, Epitácio Pessoa que era paraibano e Washington Luís que era carioca. Posteriormente, os oligárquicos receberam apoio dos demais estados brasileiros através dos coronéis que influenciavam fortemente seus municípios em eleições e em troca recebiam favores presidenciais como regalias, cargos públicos, financiamentos e outros.

Em 1929, quando a Bolsa de Nova Iorque quebrou, houve sérios prejuízos no país por causa do café, pois neste período de crise financeira o Brasil se encontrava com grande armazenamento do produto, o que fez com que o produto sofresse grande queda nos preços sendo fortemente desvalorizado. Neste momento o país sofreu a maior crise econômica do período.

Após a Revolução de 1930, o domínio mineiro e paulistano se findou, pois estes romperam suas ligações, mas o favorecimento às oligarquias agrárias se manteve. Neste mesmo ano, houve eleições que favoreceram o candidato mineiro Júlio Prestes que não chegou a assumir a presidência já que Getúlio Vargas assumiu o poder pela Junta Governativa criada por generais, em 03 de novembro, fundando assim a Primeira República e iniciando uma nova era na história do país.

A República da Espada (1889 - 1894).

Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto: os presidentes militares que consolidaram a República.

Nos fins de 1889, o Brasil consolidou seu regime republicano. Do ponto de vista formal, essa transformação poderia simbolizar o fim das imposições e reservas que selavam os ditames do regime monárquico. Além do mais, a adoção de princípios de origem liberal poderia significar um novo pacto social que pudesse abraçar contingentes mais amplos da população brasileira. Contudo, a nossa proclamação republicana esteve longe de atingir tais expectativas.

No dia 15 de novembro daquele ano, a queda do regime monárquico não foi impulsionada por manifestações de vários setores sociais. Um pequeno grupo de militares, insatisfeitos com a ação imperial, organizou um golpe que não foi prontamente identificado como tal. Muitos acreditavam que se tratava de uma parada militar. Sem oferecer nenhuma resistência, Dom Pedro II saiu do poder pelas mãos de um golpe discreto e inesperado.

Assim como nos fatos que marcam a transição de regime, a República imposta pela força dos militares conservaria o problema da exclusão em suas ações subsequentes. Influenciados pelo pensamento positivista, vários militares brasileiros acreditavam que poderiam assumir as rédeas da nação ao garantirem a manutenção da ordem. Ao invés de fruto de uma negociação democrática, tais agentes de transformação traduziam o republicanismo como instrumento de ordenação, eficiência e administração racional.

Os grupos políticos que defendiam a ampliação dos direitos eram ainda minoritários. Os chamados “republicanos jacobinos”, presentes nas classes médias, profissionais liberais e alguns intelectuais não conseguiam chegar a um consenso de suas intenções. Dessa forma, o acolhimento das camadas populares ao debate político se transformava em uma aspiração distante e, muitas vezes, confusa.

Por fim, observamos que a única grande oposição à República da Espada se achava entre as novas figuras de nossa elite econômica. Ansiosos pelo fim da centralização monárquica, os grandes proprietários de terra almejavam ampliar seus poderes através de um regime que concedesse maior autonomia às esferas regionais. Dessa forma, a República deixava de assumir a imagem de uma ideologia para se transformar em simples instrumento de obtenção do poder.

Vigorando apenas por três mandatos, entre 1889 e 1894, a República da Espada se limitou a uma transição que passa o poder político para as mãos das oligarquias. A partir desse momento, as novas figuras da elite nacional assumiram um regime que só se demonstrava liberal no campo das teorias. Na prática, a violência e a exclusão contra as camadas populares perpetuaram uma série de vícios e desmandos que ainda reverberam em nossa vida pública.