quinta-feira, 24 de março de 2011

A Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918)

A Primeira Guerra Mundial ocorreu entre 28 de julho de 1914 e 11 de novembro de 1918, e foi o
acontecimento que deu início ao século XX.



Fatores Gerais

* Disputa dos mercados internacionais pelos países industrializados, que não conseguiam mais escoar toda a produção de suas fábricas. Tal concorrência era particularmente acirrada entre a Grã-Bretanha e a Alemanha.

* Atritos entre as grandes potências devido a questões coloniais. Alemanha, Itália e Japão participaram com atraso da corrida neocolonialista e estavam insatisfeitos com as poucas colônias que haviam adquirido.

* Exacerbação dos nacionalismos europeus, manipulados pelos respectivos governos como um meio de obter a adesão popular à causa da guerra. Há que considerar ainda o nacionalismo das populações que se encontravam sob o jugo do Império Austro-Húngaro ou do Império Russo e ansiavam pela independência.

Fatores Específicos

* A França alimentava em relação à Alemanha um forte sentimento de revanchismo, por causa da humilhante derrota sofrida na Guerra Franco-Prussiana de 1870-71, e desejava recuperar a região da Alsácia-Lorena, perdida para os alemães naquele conflito.

* A Itália, cujo processo de unificação política ocorrera no século XIX, desejava incorporar as cidades “irredentas” (não-redimidas) de Trento e Trieste, que continuavam em poder da Áustria-Hungria.

* O Reino da Sérvia aspirava à formação de uma Grande Sérvia; para tanto, pretendia anexar o vizinho Reino do Montenegro e as regiões da Bósnia-Herzegovina, Croácia e Eslovênia, pertencentes ao Império Austro-Húngaro. As ambições sérvias eram respaldadas pela Rússia, desejosa de consolidar sua influência nos Bálcãs para ter acesso ao Mar Mediterrâneo.

* O decadente Império Otomano (Turquia), apelidado O Homem Doente da Europa, vinha sofrendo uma dupla pressão: da Rússia, que tencionava apossar-se dos estreitos do Bósforo e dos Dardanelos, e da Grã-Bretanha, que desejava libertar as populações árabes do domínio turco, a fim de poder explorar o petróleo do Oriente Médio. Tal situação levou o governo otomano a se aproximar da Alemanha, em busca de ajuda técnica e militar.

Antecedentes

Depois de unificar a Alemanha em torno do Reino da Prússia, dando origem ao II Reich (Império Alemão, 1871-1918), o chanceler (primeiro-ministro, nos países de língua alemã) Bismarck procurou tecer uma Política de Alianças com as demais potências européias, a fim de manter a França isolada e neutralizar o revanchismo francês. Essa política teve sucesso (exemplo: a União dos Três Imperadores, celebrada entre Alemanha, Áustria-Hungria e Rússia), mas foi abandonada após 1890, quando Bismarck se afastou da vida política.

O novo imperador da Alemanha, Guilherme II (conhecido como o Kaiser, 1888-1918), adotou uma política militarista que minou as relações com a Rússia e a Grã-Bretanha: a primeira irritou-se com o estreitamento da aliança entre Alemanha e Áustria-Hungria, além do apoio dado pelos alemães à Turquia; a Grã-Bretanha, já prejudicada com a concorrência industrial e comercial alemã, inquietou-se com os planos do Kaiser no sentido de criar uma poderosa marinha de guerra e construir uma ferrovia ligando Berlim a Bagdá (cidade do Império Otomano relativamente próxima do Golfo Pérsico).

Em consequência, houve um remanejamento de posições das potências européias. O resultado foi a formação de dois blocos opostos:

Tríplice Aliança: Alemanha, Áustria-Hungria e Itália. Esta uniu-se à Alemanha em represália à França, que frustrara a pretensão italiana de conquistar a Tunísia. Mas o fato de a Áustria-Hungria fazer parte do bloco incomodava os italianos, devido à questão das “cidades irredentas”.

Tríplice Entente: Inglaterra (ou melhor, Grã-Bretanha), França e Rússia. Esse nome vem de Entente Cordiale (“Entendimento Cordial”) – forma como o governo francês definiu sua aproximação com a Inglaterra, de quem a França era adversária tradicional.

O período que antecedeu a eclosão da Primeira Guerra Mundial é conhecido pelo nome de Paz Armada, pois as grandes potências, convencidas da inevitabilidade do conflito e até mesmo desejando-o, aceleraram seus preparativos bélicos (exceto a Itália, que não estava bem certa do que iria fazer). Por duas vezes, em 1905 e 1911, a Alemanha provocou a França a respeito do Marrocos, mas as crises foram contornadas.

O Início da Guerra

Até 1912, o enfraquecido Império Otomano ainda conservava nos Bálcãs uma faixa territorial que se estendia de Istambul (antiga Constantinopla) ao Mar Adriático e incluía a Albânia. Entre 1912 e 1913, porém, perdeu quase todas essas terras para a Grécia, Bulgária e sobretudo para a Sérvia, que deu os primeiros passos no sentido de implementar seu projeto da “Grande Sérvia”; a Albânia tornou-se um Estado independente.

Em 28 de junho de 1914, o arquiduque Francisco Fernando de Habsburgo, herdeiro do trono austro-húngaro, visitava Sarajevo, capital da Bósnia, com sua esposa, quando ambos foram assassinados por um jovem bósnio cristão ortodoxo (a imensa maioria dos bósnios era muçulmana), partidário da união com a Sérvia. A Áustria-Hungria, alegando envolvimento do governo sérvio no crime, apresentou uma série de exigências que foram rejeitadas pela Sérvia.

Em 28 de julho, a Áustria-Hungria declarou guerra à Sérvia. No dia seguinte, a Rússia pôs suas tropas em estado de prontidão, e a Alemanha fez o mesmo em 30 de julho. Na madrugada de 1º de agosto, a Alemanha declarou guerra à Rússia, sendo imitada pelo governo austro-húngaro.

Grã-Bretanha e França, surpreendidas pela rapidez dos acontecimentos, não se moveram. Mas a Alemanha, cujos planos de campanha estavam prontos desde 1911, declarou guerra à França em 3 de agosto. Na madrugada de 4, as tropas alemãs invadiram a Bélgica – que era neutra – para surpreender os franceses com um ataque vindo de direção inesperada. A Bélgica, militarmente fraca, não conseguiria conter os invasores, os quais deveriam alcançar rapidamente o Canal da Mancha. Alarmado com essa perspectiva, o governo britânico declarou guerra à Alemanha na noite de 4 de agosto.

Em uma semana, o que deveria ser mais um conflito balcânico transformara-se em uma guerra européia. A Itália somente entrou na luta em 1915; mas fê-lo contra a Alemanha e Áustria-Hungria, porque Grã-Bretanha e França lhe prometeram – e depois não cumpriram – que os italianos ganhariam algumas colônias alemãs na África (além de Trento e Trieste, naturalmente).

Durante a Primeira Guerra Mundial, os blocos em conflito mudaram de denominação, passando a ser conhecidos como:

Impérios Centrais: Alemanha, Áustria-Hungria, Turquia e Bulgária.

Aliados: Sérvia, Rússia, França, Bélgica, Grã-Bretanha, Japão, Itália, Romênia, EUA, Brasil etc.

O Desenrolar da Guerra

O plano de campanha dos alemães previa uma guerra em duas frentes; mas priorizava a Frente Ocidental (contra os anglo-franceses), ainda que isso significasse perdas territoriais temporárias na Frente Oriental (contra os russos). Assim, o Kaiser e seus generais esperavam derrotar rapidamente seus inimigos do oeste, para depois voltar suas forças contra os russos.

Na Frente Ocidental, a Primeira Guerra Mundial apresenta duas fases bem diferenciadas:

Guerra de Movimentos (agosto/novembro de 1914): Os alemães ocuparam quase toda a Bélgica e também o norte da França. Mas não conseguiram tomar Paris nem dominar a costa francesa no Canal da Mancha.

Tropas austríacas executando prisioneiros sérvios.

Guerra de Trincheiras (novembro de 1914/março de 1918): Durante quase dois anos e meio, as linhas de combate estabilizaram-se e os exércitos adversários procuraram abrigar-se em um complexo sistema de trincheiras onde passaram praticamente a morar – convivendo com ratos, parasitas e ainda com a lama ou o pó, o frio ou o calor, conforme a estação do ano. Protegidas por intrincadas redes de arame farpado e por ninhos de metralhadora, eram posições muito difíceis de conquistar. Os comandantes de ambos os lados, não preparados para essa nova realidade, continuaram durante muito tempo a ordenar ataques frontais de infantaria, perdendo dezenas de milhares de homens para avançar alguns quilômetros. O exemplo mais dramático desse inútil sacrifício de vidas foi a luta pelas posições fortificadas francesas de Verdun. A luta, que se arrastou por dez meses em 1916, provocou mais de um milhão de mortes e, no final, as posições eram as mesmas quando do início da batalha.

Soldados ingleses entrincheirados.


Na Frente Oriental, o chamado “rolo compressor russo” (o maior exército do mundo) obteve algumas vitórias iniciais, mas depois teve de recuar diante dos alemães e austro-húngaros. O exército czarista era mal armado, mal organizado e mal comandado; mesmo assim, tentou contra-ofensivas em 1915 e 1916, sofrendo baixas terríveis. No começo de 1917, os Impérios Centrais controlavam firmemente a Polônia, a Lituânia, a Letônia e parte da Bielo-Rússia (todos esses territórios faziam parte do Império Russo).

Na África e no Pacífico, a maioria das colônias alemãs caiu rapidamente em poder dos Aliados. No Oriente Médio, um exército britânico passou a operar contra os turcos a partir de 1917; foi auxiliado por um levante das tribos da Arábia, estimuladas pelo célebre agente inglês Thomas Lawrence, conhecido como “Lawrence da Arábia”.

No Mar do Norte, a esquadra alemã defrontou-se com a britânica na Batalha da Jutlândia (1916), mas não conseguiu romper o bloqueio marítimo imposto pelos Aliados.

1917: O Ano Decisivo

A Alemanha possuía a maior frota de submarinos entre os países beligerantes. Entretanto, os comandantes dessas embarcações vinham se abstendo de torpedear navios de passageiros (ainda que de bandeira inimiga) e quaisquer navios de países neutros. A exceção foi o transatlântico inglês Lusitania, torpedeado em 1915 e que explodiu – provavelmente por estar transportando secretamente munições norte-americanas para a Inglaterra.
Em janeiro de 1917, o governo alemão anunciou que iria iniciar uma campanha submarina “sem restrições”; ou seja, seus submarinos torpedeariam quaisquer navios que tentassem alcançar portos franceses ou britânicos. Essa decisão complicou a situação dos Aliados, pois a Grã-Bretanha dependia de fornecimentos marítimos para sua própria sobrevivência.

Assalto francês às posições alemãs em Champagne, França, 1917.

Em março de 1917, estourou a Revolução Russa. O czar Nicolau II foi derrubado e um governo provisório liberal (formado por aristocratas e burgueses) assumiu o poder. Oficialmente, a Rússia continuou na guerra contra a Alemanha; mas seus soldados, esgotados e desmoralizados, praticamente pararam de combater. Essa circunstância poderia permitir aos alemães deslocarem tropas para a frente ocidental, derrotando definitivamente ingleses e franceses.

No decorrer da guerra, os Estados Unidos haviam-se tornado os grandes fornecedores dos Aliados, aos quais vendiam desde alimentos até armas e munições. Grã-Bretanha, França e outros países tinham acumulado débitos enormes junto aos empresários norte-americanos, os quais não poderiam suportar o fantástico prejuízo advindo de uma possível derrota anglo-francesa.

Exército alemão invade território britânico
Tanque de guerra britânico capturado pelos Alemães

Por essa razão, em 6 de abril de 1917, tomando como pretexto o afundamento de cinco navios norte-americanos por submarinos alemães, o presidente Wilson (o mesmo que em janeiro daquele ano divulgara seus 14 pontos para uma paz justa), declarou guerra aos Impérios Centrais. Como o país não tinha serviço militar obrigatório, foram necessários dez meses para treinar um enorme exército que pudesse operar na Europa. Mas a marinha de guerra norte-americana entrou imediatamente na luta contra os submarinos alemães, aliviando a grave situação dos ingleses.

1918: Cronologia do Término do Conflito 

Fevereiro: Chegada das primeiras tropas norte-americanas à França.

Março: O governo bolchevique (comunista) russo, que fora instaurado em novembro de 1917, assina o Tratado de Brest-Litovsk com a Alemanha, retirando a Rússia da guerra. No mesmo mês, os alemães iniciam uma última ofensiva na frente ocidental, mas mais uma vez não conseguem tomar Paris.

Julho: Contra-ofensiva aliada na França. Os alemães começam a bater em retirada.

Setembro: Capitulação (rendição) da Bulgária.

Outubro: Capitulação da Turquia.

Novembro: O Império Austro-Húngaro desintegra-se no dia 3. Áustria e Hungria assinam armistícios (acordos de cessar-fogo) separados. No dia 9, irrompe uma revolução republicana na Alemanha; fuga do Kaiser Guilherme II. No dia 11, o novo governo alemão assina um armistício com os Aliados, na expectativa de serem observados os “14 Pontos” de Wilson (expectativa frustrada pela dureza das condições impostas pelos vencedores).

Os Tratados de Paz

Em 1919, reuniu-se a Conferência de Paz de Paris, para a qual somente a Rússia não foi convidada. Todavia, em vez de discussões amplas e abertas entre todos os envolvidos na Grande Guerra (nome dado ao conflito de 1914-18 até 1939, quando começou a Segunda Guerra Mundial), os tratados de paz foram elaborados pelos Três Grandes – Wilson, dos EUA; Lloyd George, da Grã-Bretanha; Clemenceau, da França – e impostos aos países vencidos.

O tratado mais importante foi o de Versalhes, que a Alemanha foi obrigada a assinar. Eis suas cláusulas mais importantes:

A Alemanha foi considerada a única responsável pela eclosão da guerra.
Foram perdidas todas as colônias e vários territórios alemães na Europa (principais: a Alsácia-Lorena, restituída à França; o Corredor Polonês, que dividiu a Alemanha em duas partes; o porto de Danzig, transformado em cidade-livre).

Limitações militares: proibição do serviço militar obrigatório e da produção de aviões de combate, tanques, canhões gigantes, navios de guerra de grande porte e submarinos, além da limitação do exército alemão a 100 mil homens.
Pagamento de pesadíssimas reparações de guerra.

As duras (e injustas) condições do Tratado de Versalhes geraram entre os alemães um profundo ressentimento, responsável em grande parte pela ascensão de Hitler ao poder– o que acabaria levando à II Guerra Mundial.

Consequências da Primeira Guerra Mundial

* 17 milhões de mortos (destes, 11 milhões eram combatentes).

* Fim dos impérios Russo, Austro-Húngaro, Alemão e Otomano.

* Surgimento de novos Estados europeus:
Do desmembramento do Império Austro-Húngaro: Áustria, Hungria, Checoslováquia e Iugoslávia (nome oficial da “Grande Sérvia”, criado em 1931).
Do desmembramento do Império Russo:
URSS, Finlândia, Polônia, Lituânia, Letônia e Estônia.

* Crise econômica generalizada, com especial gravidade na URSS, Itália e Alemanha.

* Surgimento dos regimes totalitários, tanto de esquerda (comunismo) como de direita (fascismo).

* Ascensão dos EUA à posição de maior potência mundial.

* Criação da Sociedade das Nações ou Liga das Nações – um dos poucos itens dos “14 Pontos” que foram aproveitados.

* Existência de minorias étnicas com tendência separatista em vários países da Europa Central e Oriental, criando graves focos de tensão.

terça-feira, 22 de março de 2011

República das Oligarquias. (1894 - 1930).

Representantes das elites durante a República das Oligarquias.

A República das Oligarquias é a denominação dada ao período de 1894 a 1930, em que a política do país era dirigida por oligarquias agrárias e por representantes civis na presidência. Prudente de Morais foi o primeiro presidente civil que favoreceu a volta do poder agrário já que estes estavam limitados a dominar somente o poder legislativo.

A política que permaneceu no poder neste período foi chamada de Café-com-Leite já que seus representantes maiores eram São Paulo, maior produtor e exportador de café do país, e Minas Gerais, que apesar de não ser o maior produtor de leite se dedicava em especial a este produto. Neste período os principais governantes do país estavam fortemente ligados ao café, como é o caso de deputados, senadores, governadores e presidentes do Brasil.

Em acordo, o governo era assumido por paulistas e mineiros alternadamente, exceto Hermes da Fonseca que era gaúcho, Epitácio Pessoa que era paraibano e Washington Luís que era carioca. Posteriormente, os oligárquicos receberam apoio dos demais estados brasileiros através dos coronéis que influenciavam fortemente seus municípios em eleições e em troca recebiam favores presidenciais como regalias, cargos públicos, financiamentos e outros.

Em 1929, quando a Bolsa de Nova Iorque quebrou, houve sérios prejuízos no país por causa do café, pois neste período de crise financeira o Brasil se encontrava com grande armazenamento do produto, o que fez com que o produto sofresse grande queda nos preços sendo fortemente desvalorizado. Neste momento o país sofreu a maior crise econômica do período.

Após a Revolução de 1930, o domínio mineiro e paulistano se findou, pois estes romperam suas ligações, mas o favorecimento às oligarquias agrárias se manteve. Neste mesmo ano, houve eleições que favoreceram o candidato mineiro Júlio Prestes que não chegou a assumir a presidência já que Getúlio Vargas assumiu o poder pela Junta Governativa criada por generais, em 03 de novembro, fundando assim a Primeira República e iniciando uma nova era na história do país.

A República da Espada (1889 - 1894).

Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto: os presidentes militares que consolidaram a República.

Nos fins de 1889, o Brasil consolidou seu regime republicano. Do ponto de vista formal, essa transformação poderia simbolizar o fim das imposições e reservas que selavam os ditames do regime monárquico. Além do mais, a adoção de princípios de origem liberal poderia significar um novo pacto social que pudesse abraçar contingentes mais amplos da população brasileira. Contudo, a nossa proclamação republicana esteve longe de atingir tais expectativas.

No dia 15 de novembro daquele ano, a queda do regime monárquico não foi impulsionada por manifestações de vários setores sociais. Um pequeno grupo de militares, insatisfeitos com a ação imperial, organizou um golpe que não foi prontamente identificado como tal. Muitos acreditavam que se tratava de uma parada militar. Sem oferecer nenhuma resistência, Dom Pedro II saiu do poder pelas mãos de um golpe discreto e inesperado.

Assim como nos fatos que marcam a transição de regime, a República imposta pela força dos militares conservaria o problema da exclusão em suas ações subsequentes. Influenciados pelo pensamento positivista, vários militares brasileiros acreditavam que poderiam assumir as rédeas da nação ao garantirem a manutenção da ordem. Ao invés de fruto de uma negociação democrática, tais agentes de transformação traduziam o republicanismo como instrumento de ordenação, eficiência e administração racional.

Os grupos políticos que defendiam a ampliação dos direitos eram ainda minoritários. Os chamados “republicanos jacobinos”, presentes nas classes médias, profissionais liberais e alguns intelectuais não conseguiam chegar a um consenso de suas intenções. Dessa forma, o acolhimento das camadas populares ao debate político se transformava em uma aspiração distante e, muitas vezes, confusa.

Por fim, observamos que a única grande oposição à República da Espada se achava entre as novas figuras de nossa elite econômica. Ansiosos pelo fim da centralização monárquica, os grandes proprietários de terra almejavam ampliar seus poderes através de um regime que concedesse maior autonomia às esferas regionais. Dessa forma, a República deixava de assumir a imagem de uma ideologia para se transformar em simples instrumento de obtenção do poder.

Vigorando apenas por três mandatos, entre 1889 e 1894, a República da Espada se limitou a uma transição que passa o poder político para as mãos das oligarquias. A partir desse momento, as novas figuras da elite nacional assumiram um regime que só se demonstrava liberal no campo das teorias. Na prática, a violência e a exclusão contra as camadas populares perpetuaram uma série de vícios e desmandos que ainda reverberam em nossa vida pública.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Todos os Presidentes do Brasil e seus tempos de Mandatos.




Marechal  Manuel Deodoro da Fonseca, ou apenas Deodoro da Fonseca

Mandato:

15 de novembro de 1889 até
23 de novembro de 1891



















 Marechal Floriano Vieira Peixoto, ou apenas Floriano Peixoto

 Mandato:

 23 de novembro de 1891 até
  15 de novembro de 1894









Prudente José de Moraes e Barros, ou apenas Prudente de Moraes

Mandato:

15 de novembro de 1894 até
15 de novembro de 1898







Manuel Ferraz de Campos Sales, ou apenas Campos Sales


Mandato:


15 de novembro de 1898 até
15 de novembro de 1902



 Francisco de Paula Rodrigues Alves, ou apenas Rodrigues Alves

Mandato:

15 de novembro de 1902 até
15 de novembro de 1906









Afonso Augusto Moreira Pena, ou apenas Afonso Pena

Mandato:

15 de novembro de 1906 até
14 de julho de 1909












Nilo Procópio Peçanha, ou apenas Nilo Peçanha

Mandato:

14 de julho de 1909 até
15 de novembro de 1910











Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca, ou apenal Hermes da Fonseca

Mandato:

15 de novembro de 1910 até
15 de novembro de 1914










Venceslau Brás Pereira Gomes, ou apenas Venceslau Brás

Mandato:

15 de novembro de 1914 até
15 de novembro de 1918











Delfim Moreira da Costa Ribeiro, ou apenas Delfim Moreira

Mandato:

15 de novembro de 1918 até
28 de julho de 1919











Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa, ou apenas Epitácio Pessoa

Mandato:

28 de julho de 1919 até
15 de novembro de 1922









Artur da Silva Benardes, ou apenas Artur Bernades

Mandato:

15 de novembro de 1922 até
15 de novembro de 1926









Washington Luís Pereira de Sousa, ou apenas Washington Luís

Mandato:

15 de novembro de 1926 até
24 de outubro de 1930






           


Júlio Prestes de Albuquerque, ou apenas Júlio Prestes

Não assumiu o Mandato

Júlio Prestes foi o único político eleito presidente da república do Brasil pelo voto popular a ser impedido de tomar posse, ele foi sucedido pela Junta Governativa Provisória de 1930













Getúlio Dorneles Vargas, ou apenas Getúlio Vargas

Mandato:

3 de novembro de 1930 até
29 de outubro de 1945









José Linhares

Mandato:

29 de outubro de 1945 até
31 de janeiro de 1946











Eurico Gaspar Dutra, ou apenas Gaspar Dutra

Mandato:

31 de janeiro de 1946 até
31 de janeiro de 1951









  Getúlio Dorneles Vargas, ou apenas Getúlio Vargas

   2° Mandato:

  31 de janeiro de 1951 até
  24 de agosto de 1954









João Fernandes Campos Café Filho, ou apenas Café Filho

Mandato:

24 de agosto de 1954 até
8 de novembro de 1955









Carlos Coimbra da Luz, ou apenas Carlos Luz

Mandato:

8 de novembro de 1955 até
11 de novembro de 1955

Carlos Luz foi o presidente do Brasil que ficou por menos tempo no poder.




Nereu de Oliveira Ramos, ou apenas Nereu Ramos

Mandato:

11 de novembro de 1955 até
31 de janeiro de 1956








Juscelino Kubitschek de Oliveira, ou apenas JK

Mandato:

31 de janeiro de 1956 até
31 de janeiro de 1961











Jânio da Silva Quadros, ou apenas JQ


Mandato:

31 de janeiro de 1961 até
25 de agosto de 1961








Pascoal Ranieri Mazzilli, ou apenas Ranieri Mazzilli

Mandato:

25 de agosto de 1961 até
7 de setembro de 1961










João Belchior Marques Goulart, ou apenas "Jango"

Mandato:

7 de setembro de 1961 até
1 de abril de 1964








Pascoal Ranieri Mazzilli, ou apenas Ranieri Mazzilli

2° Mandato:

2 de abril de 1964 até
15 de abril de 1964













Marechal Humberto de Alencar castelo Branco, ou apenas Castelo Branco

Mandato:

15 de abril de 1964 até
15 de março de 1967







Marechal Artur da Costa e Silva, ou apenas Costa e Silva

Mandato:

15 de março de 1967 até
31 de agosto de 1969











Emílio Garrastazu Médici

Mandato:

30 de outubro de 1969 até
15 de março de 1974









Ernesto Beckmann Geisel, ou apenas Geisel

Mandato:

15 de março de 1974 até
15 de março de 1979










João Batista de Oliveira Figueiredo, ou apenas João Figueiredo

Mandato:

15 de março de 1979 até
15 de março de 1985











José Ribamar Sarney de Araújo Costa, ou apenas José Sarney

Mandato:

15 de março de 1985 até
15 de março de 1990









Fernando Affonso Collor de Mello, ou apenas Fernando Collor

Mandato:

15 de março de 1990 até
29 de dezembro de 1992











Itamar Augusto Cautiero Franco, ou apenas Itamar Franco

Mandato:

29 de dezembro de 1992 até
1 de janeiro de 1995









Fernando Henrique Cardozo, ou apenas FHC

Mandato:

1 de janeiro de 1995 até
1 de janeiro de 2003









Luiz Inácio Lula da Silva, ou apenas Lula

Mandato:

1 de janeiro de 2003 até
1 de janeiro de 2011










Dilma Vana Rousseff, ou apenas Dilma.

Mandato:

1 de janeiro até...



Dilma é a primeira presidente mulher do Brasil.


quinta-feira, 17 de março de 2011

Proclamação da República no Brasil

A Proclamação da República Brasileira foi um episódio da história do Brasil, ocorrido em 15 de novembro de 1889, que instaurou o regime repúblicano no Brasil, derrubando a monarquia do Império do Brasil.

A Proclamação da República aconteceu no Rio de Janeiro, que era a capital do Império Brasileiro, na Praça da Aclamação, hoje chamada de Praça da República, no dia 15 de novembro de 1889 um grupo de militares do nosso exército, tendo como líder o marechal Deodoro da Fonseca, deu um golpe de estado, sem usar violência, depondo o Imperador do Brasil D. Pedro II, e o presidente do Conselho de Ministros do Império, o Visconde de Ouro Preto.

Naquele mesmo dia 15, foi instituído um "Governo Provisório" republicano.  Faziam parte deste "Governo Provisório", organizado na noite de 15 de novembro, o marechal Deodoro da Fonseca como presidente da república e chefe do Governo Provisório, marechal Floriano Peixoto como vice-presidente, e, como ministros, Benjamin Constant de Magalhães, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Sales, Aristides Lobo, Demétrio Ribeiro e o almirante Eduardo Wandenkolk.

A Política do Brasil em 1889

O governo imperial, através do 37º e último gabinete ministerial, empossado em 7 de junho de 1889, sob o comando do presidente do Conselho de Ministros do Império, Afonso Celso de Assis Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto, percebeu a complicada situação política e apresentou, em uma tentativa desesperada de salvar o Império, à Câmara-Geral, atual Câmara dos Deputados, um programa de reformas políticas do qual constavam, entre outras, as medidas seguintes: liberdade de ensino, liberdade de voto, maior autonomia administrativa para as províncias, mandatos limitados no Senado Federal, redução das prerrogativas do conselho de Estado. Essas propostas feitas pelo Visconde de Ouro Preto foram vetadas pela maioria dos deputados de tendência conservadora que controlava a Câmara Geral. As reformas do Gabinete Ouro Preto chegaram tarde demais. No dia 15 de novembro de 1889, a república era proclamada.

A perda de prestígio da monarqui brasileira

Foram muitos os fatores que levaram o Império a perder o apoio de suas bases econômicas, sociais e militares. Da parte dos grupos conservadores pelos sérios atritos com a Igreja Católica, pela perda do apoio político dos grandes fazendeiros em virtude da abolição da escravatura, ocorrida em 1888.

Havia a crítica, feita pelos grupos progressistas, que a monarquia mantivera, até muito tarde, a escravidão negra no país.

Entretanto, é importante notar que a legitimidade do Imperador era distinta da do regime imperial: Enquanto, por um lado, a população, de modo geral, respeitava e gostava de D. Pedro II, por outro lado, tinha cada vez em menor conta o próprio Império. Nesse sentido, era voz corrente, na época, que não haveria um " III Reinado", ou seja, a monarquia não continuaria a existir após o falecimento de D. Pedro II, seja devido à falta de legitimidade do próprio regime monárquico, seja devido ao repúdio público ao príncipe consorte, marido da princesa Isabel, o francês conde D'Eu.

Embora a frase do jornalista e líder republicano paulista, depois feito ministro do governo provisório, Aristides Lobo "O povo assistiu bestializado" à proclamação da república, tenha entrado para a História do Brasil, pesquisas históricas, mais recentes, têm dado outra versão à aceitação da república entre o povo brasileiro: É o caso da tese defendida por Maria Tereza Chaves de Mello (A república consentida, Editora da FGV, EDUR, 2007), que indica que a república, antes e depois da proclamação da república, era vista popularmente como um regime político que traria o desenvolvimento, em sentido amplo, para o país.
 
Antecedentes da Proclamação da República


A partir da década de 1870, como consequência da Guerra do Paraguai (1864-1870), foi tomando corpo a ideia de alguns setores da elite de alterar o regime político vigente. Fatores que influenciaram esse movimento:

O Imperador D. Pedro II não possuía filhos, apenas filhas. O Trono seria ocupado, após a sua morte, por sua filha mais velha, a Princesa Isabel, casada com um francês, Gastão de Orléans, Conde d'Eu o que gerava o receio em parte da população de que o país fosse governado por um estrangeiro.

O fato dos negros terem ajudado o exército na Guerra do Paraguai e quando retornaram ao país permaneceram como escravos, ou seja, não ganharam a alforria de seus donos.

A crise econômica

A crise econômica agravou-se em função das elevadas despesas financeiras geradas pela Guerra da Tríplice Aliança, cobertas por capitais externos. Os empréstimos brasileiros elevaram-se de três milhões de libras esterlinas em 1871 para quase vinte milhões em 1889, o que causou uma inflação da ordem de 1,75% ao ano, no plano interno.

A questão abolicionista

A questão abolicionista impunha-se desde a abolição do tráfico negreiro em 1850, encontrando viva resistência entre as elites agrárias tradicionais do país. Diante das medidas adotadas pelo Império para a gradual extinção do regime escravista, devido a repercussão da experiência mal sucedida nos EUA de libertação geral dos escravos ter levado aquele país à guerra civil, essas elites reivindicavam do Estado indenizações proporcionais ao preço total que haviam pago pelos escravos a serem libertados por lei. Estas indenizações seriam pagas com empréstimo externo.

Com a decretação da Lei Áurea (1888), e ao deixar de indenizar esses grandes proprietários rurais, o império perdeu o seu último pilar de sustentação. Chamados de "republicanos de última hora", os ex-proprietários de escravos aderiram à causa republicana.

A questão religiosa

Desde o período colonial, a Igreja Católica enquanto instituição encontrava-se submetida ao Estado. Isso se manteve após a Independência e significava, entre outras coisas, que nenhuma ordem do Papa poderia vigorar no Brasil sem que fosse previamente aprovada pelo Imperador (Beneplácito). Ocorre que, em 1872, Dom Vital e Dom Macedo, bispos de Olinda e Belém do Pará respectivamente, resolveram seguir por conta própria as ordens do Papa Pio IX, não ratificadas pelo Imperador e pelos presidentes do Conselho de Ministros, punindo religiosos ligados à maçonaria.

D. Pedro II, aconselhado pelos maçons, decidiu intervir na questão, solicitando aos bispos que suspendessem as punições. Estes se recusaram a obedecer ao imperador, sendo condenados a quatro anos de trabalho braçal (quebrar pedras). Em 1875, graças à intervenção do Duque de Caxias, os bispos receberam o perdão imperial e foram colocados em liberdade. Contudo, no episódio, a imagem do império desgastou-se junto à Igreja.

A questão militar

Os militares do Exército Brasileiro estavam descontentes com a proibição, imposta pela monarquia, pela qual os seus oficiais não podiam manifestar-se na imprensa sem uma prévia autorização do Ministro da Guerra. Os militares não possuíam uma autonomia de tomada de decisão sobre a defesa do território, estando sujeitos às ordens do Imperador e do Gabinete de Ministros, formado por civis, que se sobrepunham às ordens dos generais. Assim, no império, a maioria dos ministros da guerra eram civis.

Além disso, frequentemente os militares do Exército Brasileiro sentiam-se desprestigiados e desrespeitados. Por um lado, os dirigentes do Império eram civis, cuja seleção era extremamente elitista e cuja formação era bacharelesca, mas que resultava em postos altamente remunerados e valorizados; por outro lado, os militares tinham uma seleção mais democrática e uma formação mais técnica, mas que não resultavam nem em valorização profissional nem em reconhecimento político, social ou econômico. As promoções na carreira militar eram difíceis de serem obtidas e eram baseadas em critérios personalistas em vez de promoções por mérito e antiguidade.

A Guerra do Paraguai, além de difundir os ideais republicanos, evidenciou aos militares essa desvalorização da carreira profissional, que se manteve e mesmo acentuou-se após o fim da guerra. O resultado foi a percepção, da parte dos militares, de que se sacrificavam por um regime que pouco os consideravam e que dava maior atenção à Marinha do Brasil.

A atuação dos republicanos e dos positivistas

Durante a Guerra do Paraguai, o contato dos militares brasileiros das mais diferentes patentes com os combatentes de outros países levaram-nos a considerar com (maior) seriedade as relações entre problemas sociais e regimes políticos. A partir disso, começou a desenvolver-se, entre os militares de carreira e os civis convocados para lutar no conflito, um interesse maior pelo ideal republicano e com o desenvolvimento econômico e social brasileiro.

Dessa forma, não foi casual que a propaganda republicana tenha tido, por marco inicial, a publicação do Manifesto Republicano em 1870, seguido pela Convenção de Itu em 1873 e pelo surgimento de dos Clubes Republicanos, que se multiplicaram, a partir de então, pelos principais centros no país.

A propaganda republicana era realizada pelos que, depois, foram chamados de "republicanos históricos" (em oposição àqueles que se tornaram republicanos apenas após o 15 de novembro, chamados de "republicanos de 16 de novembro").

As ideias de muitos dos republicanos eram veiculadas pelo periódico A República, que, segundo alguns pesquisadores, dividiam-se em duas correntes principais:

Os evolucionistas, que admitiam que a proclamação da república era inevitável, não justificando uma luta armada, e,

Os revolucionistas, que defendiam a possibilidade de que se pegasse em armas para conquistá-la, com mobilização popular e reformas sociais e econômicas.

O golpe militar de 15 de novembro de 1889

No Rio de Janeiro, os republicanos insistiram com o marechal Deododo da Fonseca, um monarquista, para que ele chefiasse o movimento revolucionário que substituiria a monarquia pela república. Depois de muita insistência dos revolucionários, Deodoro da Fonseca concordou em liderar o movimento militar.


O golpe militar, que estava previsto para 20 de novembro de 1889, teve de ser antecipado. No dia 14, os conspiradores divulgaram o boato de que o governo havia mandado prender Benjamin Constant Botelho de Magalhãe e Deodoro da Fonseca. Posteriormente confirmou-se que era mesmo boato. Assim, os revolucionários anteciparam o golpe de estado, e, na madrugada do dia 15 de novembro, Deodoro iniciou o movimento de tropas do exército que pôs fim ao regime monárquico no Brasil.


Os conspiradores dirigiram-se à residência do marechal Deodoro, que estava doente com dispneia, e convencem-no a liderar o movimento.

Com esse pretexto de que Deodoro seria preso, ao amanhecer do dia 15 de Novembro, o marechal Deodoro da Fonseca, saiu de sua residência, atravessou o Campo de Santana, e, do outro lado do parque, conclamou os soldados do batalhão ali aquartelado, onde hoje se localiza o Palácio Duque de Caxias, a se rebelarem contra o governo. Oferecem um cavalo ao marechal, que nele montou, e, segundo testemunhos, tirou o chapéu e proclamou "Viva a República!". Depois apeou, atravessou novamente o parque e voltou para a sua residência. A manifestação prosseguiu com um desfile de tropas pela Rua Direita, atual rua 1º de Março, até o Paço Imperial.


Os revoltosos ocuparam o quartel-general do Rio de Janeiro e depois o Ministério da Guerra. Depuseram o Gabinete ministerial e prenderam seu presidente, Afonso Celso de Assis Figueiredo, Visconde de Ouro Preto.


No Paço Imperial, o presidente do gabinete (primeiro-ministro), Visconde de Ouro Preto, havia tentando resistir pedindo ao comandante do destacamento local e responsável pela segurança do Paço Imperial, general Floriano Peixoto, que enfrentasse os amotinados, explicando ao general Floriano Peixoto que havia, no local, tropas legalistas em número suficiente para derrotar os revoltosos. O Visconde de Ouro Preto lembrou a Floriano Peixoto que este havia enfrentado tropas bem mais numerosas na Guerra do Paraguai.

Em seguida, aderindo ao movimento republicano, Floriano Peixoto deu voz de prisão ao chefe de governo Visconde de Ouro Preto.


O único ferido no episódio da proclamação da república foi o Barão de Ladário que resistiu à ordem de prisão dada pelos amotinados e levou um tiro. Consta que Deodoro não dirigiu crítica ao Imperador D. Pedro II e que vacilava em suas palavras. Relatos dizem que foi uma estratégia para evitar um derramamento de sangue. Sabia-se que Deodoro da Fonseca estava com o tenente-coronel Benjamin Constant ao seu lado e que havia alguns líderes republicanos civis naquele momento.

Na tarde do mesmo dia 15 de novembro, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi solenemente proclamada a República.

À noite, na Câmara Municipal do Município Neutro, o Rio de Janeiro, José do Patrocínio redigiu a proclamação oficial da República dos Estados Unidos do Brasil, aprovada sem votação. O texto foi para as gráficas de jornais que apoiavam a causa, e, só no dia seguinte, 16 de novembro, foi anunciado ao povo a mudança do regime político do Brasil.

D. Pedro II, que estava em Petrópolis, retornou ao Rio de Janeiro. Pensando que o objetivo dos revolucionários era apenas substituir o Gabinete de Ouro Preto, o Imperador D. Pedro II tentou ainda organizar outro gabinete ministerial, sob a presidência do conselheiro José Antônio Saraiva. O Imperador, em Petrópolis, foi informado e decidiu descer para a Corte. Ao saber do golpe de estado, o Imperador reconheceu a queda do Gabinete de Ouro Preto e procurou anunciar um novo nome para substituir o Visconde de Ouro Preto. No entanto, como nada fora dito sobre República até então, os republicanos mais exaltados, tendo Benjamin Constant à frente, espalharam o boato de que o Imperador escolheria Gaspar Silveira Martins, inimigo político de Deodoro da Fonseca desde os tempos do Rio Grande do Sul, para ser o novo chefe de governo. Com este engodo, Deodoro da Fonseca foi convencido a aderir à causa republicana. O Imperador foi informado disso e, desiludido, decidiu não oferecer resistência.

No dia seguinte, o major Frederico Sólon Sampaio Ribeiro entregou a D. Pedro II uma comunicação, cientificando-o da proclamação da república e ordenando sua partida para a Europa, a fim de evitar conturbações políticas. A família imperial brasileira exilou-se na Europa, só lhes sendo permitida a sua volta ao Brasil na década de 1920.